Fonte: O Estado de S.Paulo - 3/3/2008 Cochilar ao volante é uma das atitudes mais perigosas no trânsito. De acordo com o professor do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e chefe da disciplina de Medicina e Biologia do Sono, Marco Túlio de Mello, entre 27% e 32% dos acidentes de trânsito no mundo são provocados por motoristas que dormem na direção, responsáveis também por valores entre 17% e 19% das mortes no asfalto. "Isso sem contar as mortes das pessoas acidentadas que são levadas aos hospitais para atendimento", ressalta Mello. Os números foram obtidos pela Unifesp em pesquisa da Universidade de Gênova, na Itália, já que não há no Brasil estudo semelhante. Nesta semana, o governo determinou a inclusão de exame de doenças do sono no processo de habilitação de motoristas de veículos pesados.
Em 2004, segundo estatística do Ministério da Saúde, 34.654 pessoas morreram em acidentes de trânsito - se aplicada a média mundial, 6.242 podem ter morrido por conta de cochilos ao volante. Foi com base em estudos do Instituto do Sono da Unifesp que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou nesta semana a resolução 267, determinando que motoristas que quiserem tirar ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias C (para dirigir caminhões), D (ônibus) e E (carretas), além da avaliação médica padrão, se submetam a exames para detecção de distúrbios do sono.
Estima-se que 3 milhões de pessoas dirijam profissionalmente no País. Por essa razão, explica Mello, seria impraticável exigir que todos os motoristas que fossem tirar ou renovar duas CNHs passassem pela avaliação. Em caso de detecção do potencial para o desenvolvimento de doenças do sono, o médico tem a prerrogativa de indicar ao motorista para que passe pelo exame de polissonografia, feito por meio de sensores colados à pele com adesivos, durante o sono - para investigar mais profundamente o problema.
"Há que se ressaltar que não existe a obrigatoriedade da polissonografia, como informado na imprensa. O que existe é que a decisão de indicar o exame passa pelo médico perito de trânsito. Em muitas cidades não há locais para realização da polissonografia. Nas grandes capitais, esse exame é coberto pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e pelos planos de saúde", explica Túlio. A expectativa é de que, entre os motoristas que renovam anualmente suas carteiras das categorias C, D e E, no máximo 10% tenham de realizar o exame. Caso seja detectada a propensão ao distúrbio do sono, o motorista pode receber uma carteira provisória de habilitação e fazer um tratamento para depois obter a definitiva.
Estudo do Instituto do Sono da Unifesp de 2000 mostrou que 16% dos motoristas de ônibus admitiram cochilar durante o trabalho, embora a real proporção de profissionais que dormiam no volante era de 48%. Outros estudos da Unifesp apontam que motoristas com as doenças de sono têm de duas a três vezes mais chances de se envolverem em acidentes, mas quando tratados a redução dos problemas é de 70%, explica Mello.
Sonolência e álcool Já o presidente da Associação Brasileira de Medicina no Trânsito (Abramet), Flávio Emir Adura, aponta ainda que há uma relação quase em igual proporção entre acidentes provocados por doenças do sono e consumo de álcool. "Empresas de transporte que passaram a realizar internamente exames para a detecção das doenças do sono em seus motoristas apresentaram uma redução bem grande do número de acidentes fatais", complementa o especialista em medicina de trânsito.
Segundo Adura, algumas pessoas têm maior potencial para desenvolver doenças do sono. Obesos, hipertensos, pessoas com pescoço mais grosso e com dificuldade de entrada de ar na cavidade oral estão mais propensos aos males. De acordo com José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), esse é o perfil de muitos dos profissionais das estradas no País. "A carga de trabalho é muito puxada, o sujeito ganha mal. Por isso, acaba comendo mal, em restaurantes de beira de estrada. Não duvido que, se fosse feito um levantamento, a gente descobrisse que uns 70% dos caminhoneiros têm algum problema de saúde como obesidade, pressão alta", afirma.
Para o representante dos caminhoneiros, a medida tomada pelo Contran foi correta, já que era necessário fazer algo para reduzir a quantidade de acidentes nas estradas. Contudo, ele ressalva: "Só não dá para fazer da maneira que foi feito, tudo muito em cima. Muitos caminhoneiros não têm como realizar esses exames e não sei se a saúde pública está preparada para atender essas pessoas no Brasil", afirma. Segundo Lopes, a Abcam estuda criar um grupo de apoio médico e lançar uma campanha de informação para que caminhoneiros que estejam a seis meses de renovar suas habilitações possam fazer exames e detectar possíveis comprometimentos de saúde e buscar tratamento antes da avaliação médica obrigatória.
Anfetaminas Adura e Mello concordam no que diz respeito ao risco do uso por motoristas - em especial caminhoneiros - de substâncias que tiram o sono, conhecidas como anfetaminas. "Infelizmente, é fato que muitos usam a anfetamina, que pode ser comprada em farmácias de beira de estrada, às vezes em moderadores de apetite", explica Adura. Embora em um primeiro momento a substância evite o sono, ela provoca depois uma fadiga muito forte no motorista. "Além de tudo, cria dependência e acaba por provocar distúrbios de sono", alerta Mello, que completa: "Não tem jeito. O único remédio para o sono é dormir - mas não no volante".
Todo o cuidado com a apnéia do sono Fonte: Gazeta Mercantil Doença freqüente em homens com idade entre 45 e 55 anos, a apnéia do sono normalmente aparece em indivíduos com excesso de peso e naqueles que cultivam o hábito de beber.
Há pessoas que convivem anos com os sintomas, a ponto de se acostumarem a eles. Nem percebem que estão doentes. O diagnóstico tardio pode trazer resquícios à saúde, como complicações cardíacas, má qualidade do sono, acidentes durante o trânsito , e até mesmo a morte enquanto o paciente dorme.
Pensando em diminuir problemas de trânsito, o Conselho Nacional de Trânsito (CNT) criou a resolução 267, pela qual, a partir desta semana, todos os candidatos à carta de motorista para caminhões, carretas e ônibus necessitam fazer exames para detectar a doença.
Conforme as explicações do CNT, a apnéia é uma das principais causas de acidente no trânsito do Brasil, pois causa a chamada "sonolência do dia seguinte". A medida ajudará a detectar a doença no Brasil, dizem os médicos. "Como a apnéia se manifesta durante o sono, muitas vezes é difícil perceber sua existência. Em geral, o paciente não percebe que possui o distúrbio. A menos que tenha sintomas diurnos ou durma ao lado de alguém que o alerte", explica Sonia Maria Togeiro, presidente da Comissão de Distúrbios Respiratórios do Sono da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
A gravidade está relacionada à quantidade de interrupções ocorridas durante cada hora do sono. A apnéia é uma doença sem cura espontânea. Pode, no entanto, ser controlada. "Caso tenha como principal fator a obesidade, pode melhorar significativamente com um regime", diz Sonia.
Nos casos moderados e graves de apnéia, o tratamento utilizado se baseia em um equipamento chamado Pressão Positiva Contínua na Via Aérea (Cpap). "Funciona como um inalador. O portador usa uma máscara noturna, acoplada a um aparelho de pressão e a respiração é corrigida. Funciona enviando fluxos de ar, abrindo a faringe e normalizando a respiração", explica Rubens Reimão, coordenador cientifico do Departamento de Neurologia da Associação Paulista de Medicina. "Hoje há aparelhos de terceira geração que trazem um chip que mede a pressão das vias respiratórias para enviar a quantidade exata de ar que o indivíduo precisa", diz o médico.
Obstrutiva do sono, em diferentes níveis de gravidade, pode levar à mortalidade, por interromper a respiração durante o sono por alguns minutos. Mesmo acometendo pessoas do sexo masculino acima dos 45 anos, a apnéia pode também aparecer em crianças. "Em alguns casos de apnéia infantil, é necessário que a criança tenha suas amígdalas retiradas. O principal indício de apnéia na infância é o ronco", observa Sonia.Togeiro.
"Sempre que o indivíduo apresente um fator de risco para a apnéia, deve procurar um especialista, pneumologistas, neurologistas ou otorrinolaringologistas. A medida do CNT vai ajudar muito a identificar a doença que acomete de 2% a 4% da população. ´É um passo importante para o diagnóstico do problema no País", destaca Reimão. Os fatores de risco são a hipertensão; obesidade; ronco muito alto e habitual, pescoço grosso, queixo pequeno e/ou posicionado para trás, amígdalas e adenóides volumosas (em crianças); sonolência; alteração de memória; sono de má qualidade. Apesar de pediatras recomendarem que as crianças durmam de bruços - posição confortável, que reduz cólicas -, as vítimas da apnéia devem dormir de barriga para cima, evitando, assim, que tenham paradas respiratórias. "Em alguns casos de apnéia infantil, é necessário que a criança tenha suas amígdalas retiradas. O principal indício de apnéia na infância é o ronco", observa Sonia.
No dia 21 deste mês comemora-se o Dia Mundial do Sono. Pesquisa recém-publicada pelo laboratório farmacêutico Roche, percebeu-se que 43% dos brasileiros apresentam sinais de sonolência durante o dia, decorrente de má noite de sono. Os dados mostraram que a apnéia é a grande vilã de noites maldormidas. Pesadelos, sonambulismo, delírio noturno, cãibras, bruxismo, crises convulsivas, ereção peniana dolorosa e terror noturno são outros perturbadores do sono de acordo com o estudo.
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quarta-feira, 5 de março de 2008
Sono provoca até 32% dos acidentes de trânsito
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